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Minha primeira ferramenta na marcenaria: 7 tipos de Serrote

Atualizado: 13 de out. de 2021

Muitas pessoas costumam se questionar por qual ferramenta começar sua oficina e a nossa resposta costuma ser a mesma.


A dúvida de por onde começar uma marcenaria, seja ela por hobby ou por profissão, costuma ser muito comum. Obviamente a resposta pode variar pois as pessoas e suas intenções de produção são diferentes, e também não costuma ser muito comum um início de uma marcenaria com apenas uma ferramenta, mas um conjunto delas. Apesar disso, o serrote é um utensílio que deve ser levado em consideração e não deve ser reduzido à compra do mais barato, ou o único da loja. Preze por um produto de qualidade e verifique se o tipo de instrumentos serve para o que você deseja realizar.


O que veremos nesse post:

Porque deveria ser minha primeira ferramenta

Características da ferramenta

Tipos de Serrote

Pensamentos finais

Referências complementares


Porque deveria ser minha primeira ferramenta


Independente do que vai ser feito na sua marcenaria uma coisa é certa, você vai precisar deixar as peças do tamanho desejado para sua construção, e o modo mais simples e barato de se fazer isso é serrando manualmente. Com apenas o serrote você consegue produzir peças simples como molduras, quadros, prateleiras, etc, utilizando colas instantâneas como fixação. Isso com apenas uma ferramenta, porque agregando martelo e pregos você consegue fazer praticamente tudo, bancos, mesas, armários, e muito mais.

Um dos exemplos mais interessantes é o famosos projeto do designer italiano Enzo Mari chamado de Autoproggettazione que foi traduzido para o inglês Self Design. Nesse projeto Enzo quis trazer os usuários para a construção da peça, para que estes pudessem ter um olhar crítico em relação a indústria e a construção. Com esse pensamento, desenvolveu um catálogo de móveis feitos apenas com serrote, martelo e prego.


projeto de marcenaria self design enzo mari
Autoproggettazione por Enzo Mari

Com esse tipo de projeto poderia ser mobiliada toda uma casa usando ferramentas muito simples e de fácil manipulação. Porém, antes de começar o planejamento, é necessário saber que existem diversos tipos de serrote e qual deles é o ideal para sua tarefa.


Características da ferramenta


Antes de entrarmos no mundo dos serrotes devemos saber uma coisa que eles têm em comum: o travamento dos dentes. Os dentes do serrote possuem uma disposição que impedem o travamento da lâmina no momento do corte, o que é isso?


Cada dente possui uma angulação para fora da lâmina alternando de lado com o dente seguinte, simplificando, o serrote tem um dente inclinado um pouco para a direita da lâmina e o seguinte à esquerda e assim sucessivamente, como mostra a figura abaixo. Assim, o corte feito na madeira é sempre um pouco mais espesso que o restante do serrote evitando o travamento.


Essa pequena variação costuma ser de 1,3 a 1,8x de diferença à espessura do corpo da ferramenta, isso permite também um realinhamento do corte caso este precise de algum ajuste durante a execução.


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Outra característica que se deve saber independente do tipo de serrote é se este serve para cortes à favor ou contra as fibras da madeira, mas comumente conhecidos pelos termos em inglês ripcut (à favor) e crosscut (contra). As características dos dentes destes dois tipos são diferentes e influenciam muito na hora de executar o corte.


O ripcut possui o topo dos seus dentes plano e é ali que se encontra o corte da lâmina, como se fossem mini formões. Assim, a lâmina pode realizar o corte sem entrar por entre as fibras da madeira, dando um melhor acabamento e precisão.



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Dentes de serrote Ripcut

Já crosscut (contra fibra) possui uma configuração diferente, com dentes em formatos de faca que cortam com o lado ao invés do topo. Com esse formato de dentes podemos serrar as fibras ao meio sem rasgá-las e esfacela-las, conseguindo um melhor acabamento.



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Dentes de Serrote Crosscut

Existem variações desses formatos em serrotes como os orientais, mas a base do pensamento sobre o funcionamento é esta. Com as figuras fica mais fácil de entender como os dentes nos ajudam nesses diferentes tipos de corte.


Tipos de Serrote


Serrote de carpinteiro (serrote comum)

serrote carpinteiro marcenaria tradicional
Serrote normal ou de carpinteiro

O serrote de carpinteiro ou serrote comum é o mais conhecido da família. Sua lâmina tem o formato tradicional triangular e é flexível. Por ter um tamanho maior, essa flexibilidade facilita o corte e evita travamento durante o manuseio.

O fato de não possuir reforço de lâmina ou outras peças que interfiram na sua superfície é um ponto positivo para tábuas ou peças de maior espessura, podendo a ferramenta atravessar todo o corte sem nenhum interferência.

O ideal para uma marcenaria é ter duas unidades dessa ferramenta, uma de tamanho maior e com menos dentes por polegadas para abertura de pranchas e tábuas no sentido das fibras (ripcut), e uma outra de tamanho menor e com maior quantidade de dentes por polegada para cortes transversais a fibra (crosscut). Deve-se observar como descrito já acima o formato dos dentes no serrote desejado.


Serrote costa

serrote costa marcenaria tradicional
Serrote Costa

O serrote costa é um serrote de tamanho reduzido em relação ao serrote comum. Tem uma lâmina normalmente mais fina e por isso requerem um reforço em sua aba lisa. São instrumentos com maior precisão, por isso essa ferramenta é muito usada na confecção de encaixes, como encosto de espiga. Normalmente possuem um número elevado de dentes por polegada para exercerem sua tarefa de um corte com bom acabamento.


Serrote costinha

serrote costinha marcenaria tradicional
Serrote Costinha

O Serrote costinha é uma versão mais leve e fina do serrote costa. Sua lâmina tem entre 0,5 e 0,6mm e é mais estreita que a tradicional. O travamento é muito pequeno e até mesmo inexistente em algumas situações e o número de dentes por polegada é bem alto de 14 a 18. Por sua leveza, finura e precisão é também muito usado para encaixes como rabo de andorinha ou outros mais complexos.



Serra de joalheiro (ou Tico Tico)

serra tico tico marcenaria tradicional
Serra Tico Tico

A serra de joalheiro ou serra Tico Tico é composta por um arco metálico e serras intercambiáveis de espessuras bem finas. São muito usadas na marchetaria por proporcionar cortes em curvas bem fechadas. Pode-se usar também para retirada de materiais finos onde outras serras não chegam devido sua espessura.

As lâminas devem ser colocadas com os dentes virados para trás e deve-se fazer o corte com o movimento de puxar, caso contrário corre-se o risco de romper.


Serrote de ponta

serrote ponta marcenaria tradicional
Serrote de ponta

O serrote de ponta é um serrote ideal para cortes no meia das tábuas, onde não se pode vazar as laterais. Por ter uma ponta fina pode-se fazer um furo e iniciar cortando de dentro deste para o formato desejado.

Sua lâmina é bem maleável o que permite também cortes rentes a superfície para o nivelamento de peças e apara de cavilhas.


Ryoba

serrote oriental japones ryoba
Serrote oriental ryoba

O Ryoba é o mais comum entre os serrotes orientais ou japoneses. Essa ferramenta possui dentes nos dois lados da lâmina, cada lado com uma configuração diferente: um ripcut e um crosscut. Como todos os serrotes orientais seu corte se faz de maneira contrária aos serrotes tradicionais: puxando. Seus dentes são virados no sentido oposto o que dá a esse instrumento uma maior precisão de cortes e possibilidade de uso de lâminas mais finas.


Dozuki

serrote oriental japonês dozuki
Serrote oriental Dozuki

O dozuki é um serrote japonês similar ao serrote costa, usado para cortes transversais a fibra da madeira. Muito usado para encaixes e pequenos detalhes, seu corte é executado também no movimento de puxar. Pode possuir reforço na aba lisa da lâmina ou não.

Quer saber mais sobre as ferramentas básicas para marcenaria? Veja aqui neste post


Pensamentos finais


Existe muito a ser levado em consideração na compra de um serrote. Aqui nesse post tentamos esclarecer, para você leitor, alguns dos principais tipos disponíveis no mercado. Se faz notar que, com tantas diferenças entre eles sua primeira escolha deve levar em conta o tipo de projeto que está sendo proposto, qual madeira e qual densidade do material a ser usado, entre outras coisas.


Ferramentas manuais são instrumentos que requerem treinamento e prática, portanto não desista da primeira vez ou não pense que sua ferramenta é ruim, muitas vezes o posicionamento do corpo ou a velocidade do manuseio vão influenciar no resultado, e isso se aprende na prática. Mantenha sempre sua ferramenta bem afiada para que você possa realizar o trabalho da melhor maneira possível.


Referências complementares



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